sábado, 28 de maio de 2011

De mente e pernas abertas.


A palestra começou com um clima delicioso. Quando o Wellington Soares subiu ao palco, não o vi como meu professor de literatura, mas como meu mestre, como o exemplo de pessoa que eu quero ser quando crescer. Alguém que quer ampliar o conhecimento das pessoas, expandir a cultura dentro de nos. Senti o maior orgulho de tê-lo todas as quintas pela manhã.

Depois de um pequeno vídeo sobre a Assembléia e seu espaço físico, Regina Navarro Lins, a estrela da noite, foi convidada ao palco. Recebida por palmas calorosas, típicas da nossa gente, tive um pensamento singular: aquela mulher não era só uma estrela, era uma constelação. E todo aquele brilho vinha de uma feição feliz e realizada, que era tão contagiante que eu nem consegui sentir raiva ao ouvi-la nos chamar de “Teresianos”. Ate abri um leve sorriso.

Sexóloga, psicanalista e escritora. Autora de 10 livros, tal como “A cama na rede”, Regina quebrou tabus e provou ser, de fato, polêmica. Mostrou que uma pessoa que cresce educada em cima de valores construídos pela sociedade pode sim mudar de pensamento. A vida pode ser regada de prazeres incontáveis, intensos, exagerados e verdadeiros, quando nos fazemos livre desses dogmas. Enquanto aprisionados nesses valores, seremos limitados. E eu prefiro ser livre a ser correta. Mas quem pode definir que sou errada? Não é a sociedade quem paga minhas contas.

Afinal, somos condicionados a acreditar que mulheres que falam abertamente sobre sexo, transam no primeiro encontro, aceitam relacionamentos abertos, dividem a conta do motel, não prestam. Que alguém que não tem o casamento como prioridade é um homem amargurado, uma mulher mal comida, porque ninguém pode ser feliz sozinho. O que eu penso? Maior balela.

O prazer de uma companhia é sim gostoso, é legal, mas não pode ser uma necessidade. É preciso ter consciência que esse é um fato que pode ou não acontecer. Regina disse, eu repito e assino: é fundamental que cada um desenvolva a capacidade de ser feliz sozinho.
Por que a necessidade de uma companhia? Por que a idealização do outro como a pessoa perfeita que só tem olhos para você? É o mito do amor romântico. Que corre o risco de virar patológico.

Mas então entrou a questão do ciúme. O quão ele pode ser limitador tanto para quem sente quanto para quem é vítima de tal. A exigência de exclusividade, a auto-estima baixa, o medo de ficar sozinha. Foram levados a debate os diversos motivos que fortificam esse sentimento.

Então Regina falou algo que mexeu comigo. Quando comecei a escrever esse texto era 10h29min. Exatamente doze horas e meia que a palestra havia terminado. Mas uma afirmativa dela ainda respira em minha mente até agora.

“Me sinto amada? Me sinto desejada? Se a resposta é sim então o que o outro faz na minha ausência não é da minha conta.”

Bom, a essa altura da palestra todo mundo já sabia: A Regina é polêmica!! Claro, queria muito conseguir agir dessa forma, mas ainda existe em mim um terço que grita por atenção incondicional. Pela criação, pela idade ou até mesmo pela carência. Espero um dia poder mudar esse pensamento também – ou não.

No mais, a palestra foi fantástica. Se alguns me julgavam ter a minha mente aberta, em verdade digo: Agora está arregaçada!! Sempre me orgulhei disso, mas agora o orgulho é três vezes maior. De não me fazer de vítima, de submissa ou de uma menina de quatro anos que precisa que alguém tome conta dela. Porque eu sou meu homem, meu pai, minha mãe e até a minha irmã. E quando estou com medo do mundo ser grande demais, é a mim mesmo que abraço.




♥ Quote:

"Neste mundo não há saída: há os que assistem, entediados, ao tempo passar da janela, e há os afoitos, que agarram a vida pelos colarinhos. Carimbada de hematomas, reconheço, sou do segundo time." (Maitê Proença)

6 comentários:

  1. Maravilhoso o Texto Liz Parabens guria *-----*

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  2. Você hoje me encheu de elogios, e eu só tenho a agradecer pelas palavras. Muito obrigada mesmo, Vagner.

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  3. Inteligentemente intrigante

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  4. meu Deus como sempre ela me vem com um texto melhor que o outro , fui pra palestra ,e li o que eu senti , se é que isso é possível ,hehehe
    no mais , esta de parabeens amiga ;D
    PERFEITO *-*
    Alana Gisele ;D

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  5. Regina Navarro Lins30 de maio de 2011 às 14:31

    Liz, fiquei muito contente com o que vc escreveu sobre a minha palestra. Principalmente,por vc ter tido sensibilidade de captar o que eu quis passar para o público. Além disso, o seu texto é excelente. Vc é uma escritora!!!

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